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domingo, 27 de julho de 2008

BRANCO PAPEL PERMISSIVO


BRANCO PAPEL PERMISSIVO
Ivy Gomide



Diante da Lua
rabiscando existência
enlouqueci.
na verdade o que mais poderia acontecer?
Permito que a noite calada
invada pensamentos
fazendo-me delirar
Permito desejos insinuados
deslizando dedos tragados
no espaço inerte de minha mente
Permito re pensar
realizar.
Permito vazar a brecha
aberta na garganta
até sangrar
Inefável
instante prolongado
proponho
dialogar
palavras deitadas
branco papel permissivo
de idéias
Sou eu
e esse mar assombroso
vagando dentro da lua

Quieta dorme
com olhos abertos
engolindo delírios
ex gotados
Cobre o mundo
sonolento
caio estarrecida.


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sábado, 26 de julho de 2008

DORME MINÚSCULO CORAÇÃO



DORME MINÚSCULO CORAÇÃO
Ivy Gomide



De onde vem a paixão?
alucinação
na branca página
dorme minúsculo coração.
Suspira
qual criança
em posição fetal
boca rosada
namora
amoras
delira

De onde vem a paixão?
truncada
amarrotada
em passos largos
comendo vento
crava olhar
nu ao peito
exalando tesão
fragiliza.
palavras
peles
toques
arrepios
plumas no ar

De onde vem a paixão?
queima
explode
grita
acorda
penetra página
levanta
palpita
no andar torto do torpor
abraça coração.

Dezembro- 2006


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quinta-feira, 3 de julho de 2008

MORDO O AR




MORDO O AR
Ivy Gomide


Mordo o ar
em cicatrizes
Mordo
Ar que perpassa
instantes
escorre
à janela
vermelho

Mordo.

Diluído sêmen
na chuva ácida
Mordo o ar
da boca
pingando
cerejas mentirosas
Cravo dentes
espirrando
manchas azuis

Mordo a voz
que des encanta
o concerto de Mozart
em gargalhada cruel
A face esculpida da lua
queima garganta
em fel

Mordo.

Do sangue coalhado
na rasura
da página
mordo porque
não me ouviste
Mordo pra lacrar
a tranca escrita:
Afaste-se
- Perigo.

Mordo o pedaço
doce da lua
pintado em
branca estrela
Engulo-a
com chantilly
derretido
na boca.
Tocam dedos
lambuzam mãos
amaciam
árido veludo.
Fecham feridas
cicatrizam
horas.

RJ – 2007
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