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domingo, 28 de fevereiro de 2010

SILÊNCIOS QUE INVADEM......




SILENCIOS QUE INVADEM A CIDADE PERTURBAM OS BARULHOS QUE MORAM EM MIM

Ivy Gomide





Altiva, solene, extremamente inteira, aquela senhora com nome de santo, deixou-me perplexa. Queria abraçar aquele santo ( San Geminiano ), logo eu que nunca escondi meu desinteresse por religiões. Contudo a cidade surgida atrás dos muros, não cabia em meus braços.
Sinto saudades de seus silêncios e de seu jeito tão medieval.
Como quem vai a missa, vestia-se austera com leve e acolhedor sorriso. A roupagem impecável, contrastava com a minha; vinda de boa parte da viagem eu apresentava um jeito meio mochileiro de ser apesar da idade. Havia andado boa parte da manhã, quando comecei a me arrastar pelas ruas de San Geminano. Nos primeiros passos tomei fôlego porque a visão que se apresentava era indescritível. Jamais imaginei que iria encontrar algo tão sensual, perfeito, limpo e inteiro; afinal havia retornado à pouco das maravilhosas ruínas Romanas.
O primeiro impacto se deu ao me confrontar com o silêncio e as ruas vazias ( a Europa está sempre cheia). Pensei: - “Será um cartão postal?”
- “Esta cidade tem moradores?” - Para meu espanto fui descobrindo que haviam moradores sim, e até me confrontei com um enterro, coisa que não combinava com uma cidade tão viva e tão jovem na sua velhice.
Os muros muito altos, as janelas aparentemente fechadas, aquele silencio impenetrável que imperava os caminhos, fizeram-me entrar num mundo onde eu me sentia pecadora, pois que espiava por todas as portas. Fui literalmente tomada, possuída mesmo. Eu e San Geminiano entramos em cópula. Queria ficar sozinha com “ele”, queria dialogar com aquele santo que me comoveu, porém alguns barulhos de passos atrás dos meus interrompiam. Assim resolvi que deveria viver a realidade e me instalei, fiz parte e vivi.
Imaginei uns mil anos atrás, e perdi muitos ângulos porque esqueci da máquina fotográfica, entretanto eu registrei tudo com meu olhar.
San Geminiano, é única, apesar de dizerem que existem outras cidades no estilo, falo de meus sentidos e afirmo: É única! Gostaria de ter passado uma noite com aquele santo usufruindo seu silêncio, hoje tão raro.
A paisagem agora mora na minha cabeça, nos meus sentidos e no meu amor. Digo sem nenhum pudor que eu te amo meu santo. Eu te amo nas confissões que pude realizar, nos pecados que cometi e na paisagem inconfundível que partilhamos.
Afirmo meu santo que serei tua por toda vida, porque a paixão que de mim se apossou não tem tempo ou hora, é eterna como tua alma.



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2 comentários:

Thiers Rimbaud disse...

Credu Ivy, tbem estive la e senti todas estas coisas. Qse copulei e pequei naquele santuario. Seu relato ta dmais, 100 palavras pro q li. Continua assim musa.

Karla disse...

Lendo o q vc diz dá vontade de passar lá mais q uma tarde...quem sabe uns dias ou até uma vida? Quero conhecer esse santo e espero q ele provoque em mim o mesmo encanto q provocou em vc!
beijo gde