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domingo, 21 de março de 2010

ROMA, SÉCULOS E SÉCULOS VESTEM UMA HISTÓRIA



ROMA, SÉCULOS E SÉCULOS VESTEM UMA HISTÓRIA.


Naquela noite saí da estação apreensiva, afinal ouvira muitas histórias relacionadas aos possíveis perigos da Stazione di Termini. O silêncio das ruas quase vazias possibilitaram mil fantasias, era a primeira vez que eu colocava meus pés na cittá eterna; projetada em versos, filmes e sonhos, criados por mim, Fellini, Marcello(o Mastroianni) e Visconti.
A vontade que tinha era de gritar: Estou em Roma. Estou em Roma!
O temor contudo funcionou como freio. O dia cansativo entre vôo e trens, tentando me localizar deixaram-me esgotada e desisti de meu primeiro projeto, ir na mesma noite à “Fontana dos prazeres”.
Dia seguinte acordei sedenta, mesmo com o tempo entre chuvoso e frio fui conhecer a cidade que povoou meus pensamentos desde a adolescência.
A princípio Roma pareceu-me confusa, muita gente transitando e eu a queria somente para mim.....Queria encontrar-me tetê -a -tete com seus símbolos. O Coliseo, a Fontana di Trevi, a piazza Navona, a via Del Corso, o Foro Romano, a piazza de Spagna, a via Veneto, estar nos restos do que fora um império, rodar pelas ruas de um passado que naquele instante enfim vestia o meu presente. Para isto pretendia pegar um daqueles ônibus turísticos da piazza dei cinquecento e ir me familiarizando. Procurei na cabeça a frase decorada do meu curso de italiano feito “via internet”..... ‘scusa, per favore come faccio a prendere l’autobus che anda per La cittá?’ Já estava guardando na língua a outra frase, rs....‘non capire niente!’ Nesta hora felizmente eu vi na praça próxima a termini muitos ônibus que sem dúvida alguma eram turísticos.
Escolhi um vermelho com um andar acima aberto, mas....chovia..........
Desisti daquelas ‘coisas’ para se colocar nos ouvidos porque eu estava totalmente dividida entre ver e ouvir. Optei por ver. Confesso que perdi-me pelas ruas, o visual era de infinitas opções. Juro que queria saber o que meu olhar consumia, mas o bla bla bla era tão grande e somado àquela voz empostada, cansava-me. Eu apenas olhava tentando decidir onde saltar.
Optei pelo Coliseo, gosto do nome Coliseo em lugar de Coliseu ou de Coliseum..rs é uma questão totalmente auditiva. Não achei as travessias caóticas como diziam, na verdade achei os italianos tão gentis... eles paravam os carros para que eu atravessasse; será verdade? Muito bem, cheguei ao set, seria aquele monumento real? Enorme, guardava em si um mistério indecifrável e eu apaixonada por mistérios, subi por um..(acreditem)...elevador e ri muito!
Um elevador em pleno império romano! Confesso que apesar de inapropriado eu gostei...rs
Fui ao topo e retornei a um passado conhecido: Os livros, a história e o filme – O Gladiador.
O sol retornou quando estava diante das ruínas do Coliseo. É lindo! Que fortaleza. Quanta história, quanto sofrimento, e principalmente a frase que não me saía da cabeça em todos os momentos que estive em Roma. Quanto poder!
Andei muito, o segredo é andar. Fui ao Palatino e literalmente me apaixonei. Como aquele povo tem em suas veias um passado de séculos e séculos? Esta coisa chamada século é de uma intensidade absurda. O Palatino é uma cidade ( século VIII a.C.), dentro de outra cidade. Ele parece ilimitado, ali sentimos mais uma vez o poder. Roma é uma cidade poderosa.
Amei as escadarias e as pedras que sobre outras pedras significam tempo, seja passado ou presente. Pra mim foi tudo um presente (decodificando verbos). Confesso que vi tantas coisas naqueles dias em Roma que até hoje me perco. Delirei com a Fontana, sim ela fica numa pracinha e chama-se “di Trevi” porque na idade média três ruas se cruzavam ao lado da piazza Crociferi. É um trevo! Em Roma tem sempre gente demais, mas garanto que me senti em um passado que não vivi e cheguei a ver com meus olhos a cena imperdível de Marcello e Anita na Fontana da ‘Doce Vida’. Linda e aconchegante Fontana onde me permiti a parar e comprar um vinho para depois bebê-lo admirando a paisagem relaxante das águas escorrendo dentro de meus pensamentos.
Admito que não usufruí tudo que a cidade oferece, mas joguei minha moedinha de costas para a fonte acreditando piamente que retornarei. Roma merece uma viagem sem pressa para que se possa sentir de perto todas as tramas, guerras e domínios pelos quais a cidade passou.
Roma, mi piace molto!





Ivy Gomide



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2 comentários:

Karla disse...

oi, Ivy!

Muito bonito o seu relato de Roma! Tenho muita vontade de conhecer a cidade eterna e sei q vou amar cada pedacinho de história no caminho!
beijos

Renata Inforzato disse...

Ivy,

que relato delicioso, que sensibilidade!!! Me dá vontade conhecer Roma só de ler....

beijosss